segunda-feira, maio 09, 2011

Absurda Noturnidade


Quase meia hora se passara e uma noturna sensação me consumira por completo, neste processo doloroso que é a escolha de palavras, de verdades só minhas. Diante de uma intrínseca possibilidade de consumação literária, artística ou o que mais isso queira ser. Há algum tempo, para ser exato, três anos de dores, de uma terrível falta de ar, palavras expiradas, silêncios caóticos emergentes de um Sol que ao seu resplandecer nascente, teimara em queimar as retinas de minha negritude diária. 

Assim consumira minha verve, minha linha, meu esboço de um simples suspiro do inexato ponto final. A ação para esta entrega, esta redenção absurda que me atirara durante nove anos à uma existência adormecida no mais absurdo dos calabouços das infinitas emoções naufragas, poderia ser explicada por um espírito nietzschiano qualquer. Não obstante, minha alma dostoievskiana temperada de camusianismo puro e confuso, não tem a pretensão de entregar as pontas de um lápis quebrado para qualquer lirismo e egoísmo sádico.

Acontece que algo perambula, revolve o inabitado e cinzento jardim, como as ruas e a sobriedade da Rússia. Onde uma tempestade eterna, trouxera uma suave maresia e a densidade química de um barco, que à deriva é tragado pelas ondas do mar, na espera de um sinal, de uma luz aonde possa iluminar.



Nenhum comentário: