À tarde, sentada nos degraus de uma escada, em rua deserta do Grajaú, a menininha
pobre, ruiva, solitária estava com um soluço seco a incomodá-la.
Nisso, veio passando um cachorro basset ruivo. Parou diante da menina, sem latir.
Fitaram-se mudamente. Sem emitir som, eles se pediam: um solucionaria o problema de
solidão do outro.
O cachorro foi embora. Incrédula, os olhos da menina acompanharam-no até vê-lo
dobrar a outra esquina. “Mas ele foi mais forte do que ela. Nem uma só vez olhou para trás.”
Clarice Lispector
3 comentários:
Sem palavras Clarice Lispector despensa comentários... Bjoka ;)
"...tanta solidão mata..."
essa tal doença congênita que assola a sociedade moderna...
beijo primo!
Essa mulher é demais, não tem como descrevê-la, amo Clarice...
Postar um comentário