Nicholas Rodney Drake |
Eram cinco horas e trinta minutos
da manhã quando o galo começara a cantar. O sol pendia de lado espalhando seus
raios embaraçados de luz. O vento começara a acordar das árvores, e suas folhas
dançavam sob os finos e grossos galhos, sedentas de paixão iluminada. Onde um
pequeno ninho cercado de inábeis passarinhos pelados grunhia e escancaravam
suas imensas bocas por comida matinal. O céu completava o quadro com seu azul torneado
de brancura chantilly almofada.
O primeiro pensamento do dia
surgira como um nevoeiro cinzento: ‘Que
dia será hoje?!’. Olhara o relógio ao lado da cabeceira de madeira
enervada de aparente cupim, e se dera conta de que não soubera onde estivera e
o que tivera feito na noite anterior, que o deixasse completamente amnésico na
manhã seguinte. Subitamente vestira uma calça jeans a qual estava jogada ao
lado da cama, uma camiseta preta com um desenho de um labirinto incompleto, e
completando o movimento com um olhar rápido ao espelho, o desespero ao notar
sua ausência vaga e distante no material. ‘Meu Deus, que diabos está acontecendo comigo?!”
A respiração prontamente se
confundira com a cor e o teor virulento do quarto abafado pelo calor do sol que
começara a crescer. Uma mistura incandescente de desejo e medo transitava pelos
nervos de sua boca e de seus olhos, os quais agora admitam a absurdidade
insustentável daquela manhã trancafiada pelo quarto. Consigo pensara mais uma
vez: ‘O que está acontecendo?!’
Flashes começaram a nocautear sua mente. Uma rua deserta. Uma esquina e pessoas
a correr. Corpos estirados. O chão entreaberto. Marcas de sangue. Não saberia
distinguir a beleza daqueles seres que se expurgavam do solo ao céu,
sobrevoando sobre suas sombras e aparentemente sem rostos. Algumas de leves e
apodrecidas capas negras, como se uma besta estivesse à solta procurando um
leve sorriso dourado para entornar a escuridão. E uma leve chama cinzenta saíra
de sua pele ao tocar num metal. A sede. E o cheiro.
Ah! O cheiro, que impregnava como
uma queimada da alma dentro de um forte e vermelho desejo. Este que não cessava
nem mesmo depois do sabor quente e amargo do velho vinho e do beijo. Seus olhos
forçaram uma expiração, o qual não conseguira destilar de sua alma. Então,
tivera a complexa certeza de que tudo agora se resumia ao sangue e um coração
sob a mesa.
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