Desta vez abro uma nova seção no blog, onde pretendo fazer análises de filmes que assisti e gostei. Começarei em homenagem ao Dia Mundial das crianças, uma análise acerca do filme Fuga das Galinhas (Chiken Run,2000). O qual num primeiro momento se reflete numa perspectiva de filme de 'teor infantil', com a 'simples intenção' de entreter a criançada. Não obstante, toda a produção contemporânea da sétima arte, não têm buscado mais o simples devaneio (ou alienação), entretenimento, sem que um viés critico seja abordado mesmo que de forma implícita sobre o comportamento do ser sejam eles sociais, políticos ou ideológicos. Mas a simbiose da fantasia (entretenimento) e com o viés filosófico, no stricto sensu de que a filosofia serviria como a busca pela compreensão e conhecimento das coisas que cercam o homem. Tornando-se ação na forma de como o sujeito daria significação a sua existência. Assim como uma luz na escuridão combate toda a negritude do espaço para tornar-se caminho e razão funcional.
Download do filme: A Fuga das Galinhas |
‘A CERCA NÃO ESTÁ SÓ LÁ FORA, ESTÁ NA SUA CABEÇA!’
O filme de animação Fuga das Galinhas (‘Chiken Run’ Direção de Peter Lord e Nick Park, 2000; 84min), passa-se na década de 50 numa granja chamada Yorkshire, onde a galinha líder Ginger busca incansavelmente uma maneira de sobreviver ao destino trágico, aos quais seus donos pretendem dá-lo, ou seja, transformá-las em tortas de galinha. Sem muito sucesso na empreitada eis que surge o “herói” o galo, Rocky. O qual tem a ambição de ajudar na reviravolta da vida das galinhas, ensinando-as a voar.
Sabendo que a partir da Revolução Industrial do século XVIII surgiram transformações sociais, políticas e culturais e que fora o ponto máximo para o surgimento da Sociologia como ciência no século XIX. Esta que buscava o entendimento e a reflexão acerca da ‘nova sociedade’ (industrial) constituída por uma nova classe dominante, a burguesia.
O filme retrata uma época anterior a moderna, onde antes a classe dominante seria os senhores de terras e a classe subjugada seria a dos trabalhadores rurais, isto é, os servos, denominados por Karl Marx na era Industrial de proletariados, ou seja, os operários que movimentavam o desempenho útil da fábrica. No filme as galinhas presas e mantidas sobre o poder da família Tweedy para o abatimento e produção da mercadoria final, a torta de galinha, são consideradas as operárias descartáveis da Indústria vigente. Já que sempre haveria uma grande demanda de renovação de operários encarregados das suas devidas funções. E no caso destas a sua produção estaria na fabricação de seus próprios ovos para venda e consumo do ser humano e a reprodução gradativa de galinhas no poleiro. Dando continuidade a todo maquineismo industrial.
Quando a líder da comunidade do galinheiro, a Ginger, se desdobra nas tentativas de mudar a situação de opressão em que todas vivem na granja. Esta atitude seria mais uma metáfora do surgimento da organização de trabalhadores em associação de sindicatos na busca pelos direitos e interesse da classe operária, reivindicando o bem- estar trabalhista.
Por variadas tentativas de escapar do sistema social em que se encontram, eis que de repente surge um ‘herói’ capaz de revolucionar as mentes e vidas delas, com o objetivo de libertá-las da opressão. Pois para Marx não seria a consciência que determinaria o estado do ser, mas o ser incluído no social teria a capacidade de determinar tal mudança na consciência. Então após o conhecimento de toda a revolta e dos planos falhos desenvolvidos pela própria comunidade, o personagem Rocky surge como uma espécie de visão ou mente externa a todo o sistema em que se encontram as galinhas. De forma a alertar que sempre existe uma saída ou uma resolução para os problemas, bastaria analisá-los sob outra perspectiva.
Desta forma a frase enunciada por Ginger: “A cerca não esta só lá fora. Ela está em sua cabeça”, vem para afirmar a tese de Marx, a qual nos diz que para explicar a consciência era necessário um conflito de existência entre a força produtiva (operários) e as relações de produção (empresariados). Onde tal força produtiva que é capaz de gerar condições materiais, estas a quais gerariam obstáculos nas relações de produção, assim criando a consciência do conflito existente entre ambas, sendo capaz de entrarem na luta pare tentar resolver os problemas existentes. É aonde viria à produção na construção de uma maquina (espécie de catapulta) capaz de colocar todos fora da cerca em que vivem.
Um comentário:
Muito Bom! Conciso!
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