terça-feira, março 13, 2012

O absurdo germinal, por Wagner Bezerra Pontes

O Duplo de Rene Magritte.
  Antes de ontem acordei numa madrugada de um sonho no qual falava numa verborragia incessante... Não lembro bem 'sobre o quê', mas ao acordar com o som das minhas próprias palavras e de modo mecanicista, algo que me deixou confuso/reflexivo por toda manhã seguinte e um pouco estarrecido com tal situação. Não acredito, mas não me pareceu em momento algum ser eu, o eu daquelas tais "evangelizações" (sermões). Digo isto de tal palavra, no remeter ao sentido de "pregação" (declamação), convencimento a ideias de produzir um efeito de ativismo em outrem. E declaro antes de tudo que não tenho religião alguma, para citar tais termos dos quais alguns poderiam pensar em ser e considerar minha fala, dotada de um certo "proselitismo religioso". Lembro que no sonho falava com duas garotinhas aparentemente com seus 8 anos, não tenho a lembrança do 'porquê', mas eu não consigo lembrar de maneira alguma o quê falava com tanto vigor e absurdidade para aquelas pobres crianças... 

  Como dizia Gaston Bachelard, em A água e os sonhos:
'As forças imaginantes da nossa mente desenvolvem-se em duas linhas bastante diferentes. Umas encontram seu impulso na novidade divertem-se com o pitoresco, com a variedade, com o acontecimento inesperado. A imaginação que elas vivificam tem sempre uma primavera a descrever. Na natureza, longe de nós, já vivas, elas produzem flores. As outras forças imaginantes escavam o fundo do ser querem encontrar no ser, ao mesmo tempo, o primitivo e o eterno.'

  Então fico a me perguntar inconstante: 'Será que essa força verborrágica exalada do fundo mais escasso de meu ser, é o eu primitivo e eterno (metafísico), querendo dominar o ser absurdamente mítico de minha existência germinal?!!...'

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