quarta-feira, dezembro 21, 2011

Entrevista com Orhan Pamuk: "Transformar imagens em palavras é essencial para ler e escrever.", por Andres Hax



Orhan Pamuk
Hoje Orhan Pamuk,  o escritor turco e Premio Nobel de Literatura em 2006, apresenta em MALBA seu livro de ensaios O romancista ingenuo e o sentimental (Cia das Letras). A obra é o resultado dos artigos Charles Eliot Norton que Pamuk deu na Universidade de Harvard em 2009, um prestigioso evento anual que se inaugurou em 1925. Se trata de uma confissão íntima e técnica do autor sobre a arte de romancear e –também– sobre a arte de ler romances. Um punhado de evidentes convicções como surpreendente guia do desenvolvimento dos seis ensaios. Pamuk crê que “os romances são segunda vida” e que el objetivo supremo al escribir y leer es “alcanzar una inmensa felicidad”.O primeiro ensaio declara: “Quando entramos em um romance...temos a sensação de que o mundo ficticio que descobrimos é mas real que o próprio mundo real”. Nas mãos de um pensador leve isto podería ser o prólogo de um bate-papo patétioa de um filósofo de café, poi nas mãos de Pamuk terminamos recordando quão extraordinária é o romance. Clarín converso por telefone com Pamuk antes de sua viajem a Buenos Aries. Não estava em sua Estambul natal —onde sempre ocustou guardar suas declarações sobre o genocidio armenio na Turquía durante a Primera Guerra Mundial— mas em Manhattan, onde ensina literatura um semestre por ano na Universidade de Columbia. Contou que esperava a viaje ansiosamente porque para ele a cidade é um mito. A forma de Falar de Pamuk emula sua aparência física: é pragmático, um pouco severo, inteligente e aberto mas não muito calado.

-Ao escrever este livro descobriu algo novo sobre a arte do romance que não estava explícito antes? 

-As ideias tomam sua forma final quando as escreve. Eu tinha a informação, experiencia e uma historia de leituras, mas não conformavam um livro. Quando Harvard me pediu  para preparar estas evidências minha primeira sensação foi: “Esta pode ser a única oportunidade em minha vida para juntar todos meus pensamentos, todo o que aprendi ao ler e tudo o que experimentei em trinta e cinco anos de escrever romances”. De maneira ingênua, todos os pensamentos do livro já estavan em minha mente. Mas necessitava ser sentimental, calculador, pensando ao considerar minhas ideias como as escrevia. De alguma maneira, isto é minha declaração sobre a literatura. Mas também é um livro muito pessoal. Não sou nem quero ser um teórico,mas que pretendo mostrar o que é o importante para mim quando um lê um romance e quando um a escreve.

-Como imagina este livro nas mão de um jovem de 22 anos que decidiu ser romancista? 
-Creio que o livro se trata mas da experiencia de ser romancista e menos de uma reconsideração sobre todas as teorias sobre o romance. Por outro lado, também se trata de ideas sobre o romance que não são muito populares ou muito obvios, que não estam em discussão. Por exemplo, creio que ao ler um romance um converte as palavras em imagens. Sempre fazemos isto e muitas vezes esquecemos: que há primeiramente fotos ou imagens na mente do escritor, transformando-as em palavras,  e depois o leitor revisa e reinventa essas imagens em sua imaginação. Esta capacidade, esta alegria de transformar palavras em imagens é essencial para escrever e ler um romance. Claro, afinal, este é um livro que eupensei que seria acessível e agradável para todos que lêem romances. Mas uma nova geração que o leia em todo o mundo. Ele está sendo traduzido para várias línguas, mas eu quero ser modesto: é como eu vejo o romance. É o meu entendimento

- Como foi sua relação com a leitura durante todo o curso da sua vida? Por exemplo, seu romance favorito, "Anna Karenina"? . 

- Muito poucos livros são tão grandiosos e bons como Anna Karenina. Semanas atrás no meu curso eu estava ensinando na Universidade de Columbia. Eu li quando eu tinha 21 anos, na Turquia, quase 40 anos atrás. Sei de cor. . Talvez o maior de todos. Mas de qualquer maneira: Você pode repetir a pergunta? 


-Ler jovem é diferente da leitura de velho. O que dizer sobre o romance?

- "Bem, quando relês e vai te dando conta de que a maioria das coisas que  leste em um romance já tens esquecido.  Mas recordarás uma impressão: a alegria, o gozo. O sentido da descoberta de que este romance lhe deu. Muitos dos detalhes são esquecidos. A segunda vez que você lê o romance, prestará mais atenção a outros detalhes.  Em primeira leitura um presta atenção a detalhes, como quem vai se casar com quem. Em subsequentes leituras começamos a conversar com o livro.  Me importo muito com a releitura porque redescubro o livro, mas também porque te darás conta de que mudaste. Na minhajuventude eu li como um animal faminto que devorava ​​tudo. Só para se ter uma idéia do que estava acontecendo no mundo. Agora, mais tarde na vida, leio mais lento e presto atenção aos minímos detalhes, as pequenas coincidências, eu presto mais atenção aos objetos e cores. 


Via: Revista N

Um comentário:

**** disse...

Olá, Wagner!
Gostei de conhecer seu blog, garoto.
Abraços e feliz Natal!